sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Uma laranja de lã





    Encontrei uma saca com novelos de lã de várias cores e adivinhem...exato. Lá no meio havia um novelo cor de laranja. Cheirava tudo um bocado a velho e só depois de algum tempo é que me lembrei que aquelas lãs tinham sido usadas por mim para um trabalho da escola há muito, muito tempo. Olhem, era eu uma criança. Lá no meio havia um novelo cor de laranja que me chamou à atenção. Achei que devia fazer alguma coisa com aquilo. Peguei, trouxe para o meu quarto e ainda estou a cozinhar ideias para dar aquelas lãs. Estão a ver como há mesmo laranjas em todo o lado...no meio desta fruteira de lãs, lá estava ela, em novelo. Às vezes as laranjas são assim mesmo, um grande novelo de lã que temos que desenrolar até encontrar a ponta. Às vezes não é fácil e têm nós no meio...é preciso paciência, é. Mas nunca desistam delas, mesmo que sejam um novelo...

...mesmo que alguém as tenha emaranhado antes de vocês.

Ana Marisa

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Três laranjas no chão





    Num dia de sol lindo, já com a roupa estendida na corda, sentei-me no chão da varanda a olhar para o que estava à minha volta, meio que a descansar e a aproveitar o sol e o dia. O ar puro, que é impagável. À minha frente estavam as laranjeiras do quintal, tão lindas. Pequeninas, ainda, mas cheias de laranjas. Umas verdes, umas meio verdes, umas já laranja. Muitas. Reparei que estavam três no chão. Já laranjinhas, mas no chão. Às vezes, realmente, as laranjas caem...as laranjas ficam pelo caminho, ou simplesmente nós jogamos as laranjas para o chão. Às vezes é sem querer, outras é porque é preciso. E não tem mal...não tem mesmo. Às vezes temos mesmo que deitar as laranjas para o chão, deitar as laranjas fora...deixá-las no caminho...mesmo que estejam maduras. 

"Há um tempo em que é preciso abandonar as laranjas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre às mesmas laranjas. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem da nossa própria laranja."(adaptado)

Ana Marisa